sábado, 19 de março de 2011

Chá de panela

Hoje foi o chá de panela do Fernando e da Mari. Foi na casa dos pais da Mari, em BH mesmo. Foi organizado pelas amigas de infância da noiva e contou com a presença de amigos e família do casal. Entre muitos presentes, brincadeiras, prendas, também felicidade, carinho , amor e amizade. Mari e Fernando já estão morando juntos desde janeiro. O casamento, em maio, será para abençoar o casal e oficializar o que já acontece: a Mari casou mesmo.
Eu sempre digo que acho muito esquisito alguém próximo a mim casar. Era algo tão distante quando eu ainda era criança e brincava de casar a minha Barbie com o Ken. Era coisa das tias, das quais eu fui daminha. Era algo só pra ver a noiva entrar na igreja. Era coisa de adulto. Sim... Cheguei oficialmente a idade adulta. Ao invés de ir a festas de 15 anos e formaturas, vou a casamentos e chás de panela. Agora trabalho de segunda a sexta e não posso faltar se o dia estiver frio ou se estiver com aquela preguiça que dói. Tem conta no começo, meio e fim do mês. Tem que planejar a vida, tem que pensar realmente no futuro. Passei da idade de sonhar com banda de rock, de namorar o cara descolado, de passar os dias jogando vôlei, de ter férias em julho e em dezembro/janeiro, de gastar o dinheiro dos pais e de morar debaixo das asas deles. Um novo tempo se insinuou a partir do momento em que fiz o juramento de Hipócrates. E confesso que ainda estou assustada e me adaptando a todas as mudanças, à curva acentuada para a esquerda que a minha vida fez.
Mais do que nunca, me assusto com casamentos. E com bebês então? Mari já planeja aumentar a família ano que vem. Perguntei a ela se ela não tem medo. A resposta foi: quando a pessoa certa chegar, você não terá medo. Será? O casamento pra mim ainda é sinônimo de fim de várias possibilidades, de prisão, de vida monótona, de marido chato, de cobranças. Eu já sonhei com o véu e grinalda, com a Ave-Maria de Gounod na porta da igreja, com lua de mel em Fernando de Noronha, com resultado positivo de betaHCG quantitativo. Hoje, confesso que morro de medo de chegar aos 30 e casar com o cara errado.
Mas, o que mais me assusta mesmo são as mudanças rápidas da vida. De repente todo mundo forma,tem número de CRM, casa, tem filhos, família, nome no mercado, viaja de férias pra Europa, paga colégio e o inglês do menino, faz previdência privada. Tem horas que tenho vontade de pedir para o mundo parar que eu quero descer. A vida fluía com mais calma antes...
Mas, parando de reclamar (que já tá ficando chato), insisto em pensar que é só uma fase, que vai passar e que eu ainda vou ficar muito feliz com a vida nova. E continuo desejando toda a felicidade do mundo para Mari e Fernando, que tiveram a coragem de se entregarem a um novo amor, de se apaixonarem de novo, de em menos de um ano chegarem a conclusão de que o destino era ficar juntos, que resolveram encarar um casamento e ter filhos, de acreditar na única instituição que pode melhorar a sociedade, na minha opinião (apesar de todo o meu medo de casamento e filhos): a família. Parabéns ao casal, que agora está em contagem regressiva: 28 de maio! Fico muito feliz de ver os olhos da Mari brilhando quando ela fala da vida de casada e de como ela está feliz e em paz com tudo isso. Isso me enche o coração de alegria e de calor!

Dedico um poeminha do Drummond e homenagem ao casal:

DESEJOS

Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

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