sexta-feira, 6 de maio de 2011

13 de maio

Daqui uma semana faço 26 anos. Lembro-me de quando uma prima chegou a essa idade e eu pensei: nossa, ela está velha. Agora, a velha sou eu. Mas, o que é envelhecer? Algumas dores articulares, perda de massa muscular, enfraquecimentos dos ossos, diminuição da elasticidade da pele (os famosos pés de galinha), diminuição da acuidade visual e auditiva... Todas essas queixas escuto diariamente no meu consultório. Mas, a frase que mais me marcou esses dias, principalmente pelo meu aniversário estar chegando, foi dita por uma hipertensa de 51 anos: eu amo viver!
Por que envelhercer é algo tão triste, cheio de amargura e tristeza? O idoso é visto como o encosto, o que dá trabalho, o inútil, o incapaz. Nos esquecemos que aquele vózinho de 80 anos passou por inúmeras situações ao longo de sua vida, tem várias experiências pra compartilhar, histórias pra contar e incontáveis conhecimentos para passar aos mais novos. No oriente, o idoso, o ancião, é tratado com respeito, é o senhor da sabedoria, é o membro mais importante da comunidade. A nossa sociedade escrava da beleza, da eterna juventude, futilidade, vaidade em excesso, julga que uma senhora de 50 anos, porque já entrou na menopausa e tem algumas rugas no rosto é menos importante do que uma jovem de 20 anos, que ainda não viveu tempo suficiente para contribuir realmente para o meio que vive.
Escrevo essas coisas porque eu mesma estou cheia de preconceitos. Penso: tenho 26 anos, não tenho namorado, meu joelho dói, não consigo sair para a balada e trabalhar no outro dia, tenho sono às 10 horas da noite, tenho vontade de dormir sexta a noite ao invés de paquerar no bar. Não, eu não sou velha, nem se tivesse 50 anos! Ainda mais aos 26 anos. Estou no auge da minha vida, iniciando uma carreira, começando a ficar independente, a realizar os meus sonhos, a ser dona da minha vida, das minhas vontades e dos meus sentimentos, a contribuir de verdade para a sociedade onde vivo. E daí se eu quero ficar em casa em uma sexta a noite, porque dei plantão durante a semana e ainda não descansei? Ainda tem o sábado e o domingo pra curtir, conhecer gente nova, esfriar a cabeça, beijar o futuro marido. E daí que não tenho um namorado de mil anos, planos de casamento, de filhos. Nem sei se quero ter filhos. E casar? Só se valer muito a pena mesmo (tenho exemplos do sucesso e do insucesso de relacionamentos de muitos anos). Aos 20 construí o caminho para a profissão que tenho hoje, aos 30 rumo ao sucesso profissional, aos 40 colher os frutos de todo o esforço, aos 50 curtir as conquistas, aos 60, 70, 80, as vezes ver os netos crescerem, passar a vida ao lado de alguém, ser o especialista referência na área e ter um nome consolidado no mercado de trabalho, investir em alguma obra social. O que a vida reserva? Não sei. Eu já fiz tantos planejamentos e de repente a vida mudou radicalmente e eu tive que reconstruir sentimentos, vontades, sonhos, planos... Então, vamos só viver a vida, com responsabilidade, é claro.
Reforço esses sentimentos todos os dias para mim mesma. Esse amor pela vida, que aquela senhora me relatou durante a consulta, confesso, ainda não descobri. O que é muito triste. Mas, acho que estou a caminho. Lembram-se de quando escrevi por aqui que ainda ia ser feliz com a vida que levo hoje? Pois é... O processo já se iniciou, já estou mais tranquila e satisfeita com os rumos da vida. E quem me proporcionou isso: o tão temido tempo.
Parabéns pra mim, pelos meus primeiros 26 anos de vida! Que venham mais, com saúde, felicidade e, principalmente, paz!

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