sábado, 26 de fevereiro de 2011
Tchau Fábio!
Hoje foi dia de despedida do Fábio. Ele foi embora pra Alemanha, e vai ficar não sei quanto tempo em terrenos europeus. Vai trabalhar na Siemens e realizar o sonho dele, que era de morar por lá. Morro de orgulho! E não é só porque ele é um brasileiro levando o nome do país dele pra fora (mostrando que não somos um bando de macacos e bundas), sendo reconhecido por uma empresa de nível internacional, se destacando em uma multidão de engenheiros eletricistas. Admiro a coragem. Ir embora, sem saber quando vai voltar, pra um lugar a 17 horas de avião do Brasil, deixando pra trás a família, os amigos, uma vida, um amor. Eu já achei difícil morar em São João Del Rei, imagina o Fábio, na Alemanha. Mas, ele é uma pessoa especial. É uma dessas pessoas inteligentes, humildes, perspicazes, de coração bom, sempre com um sorriso no rosto e uma palavra de esperança, de ânimo, de alegria. Tenho sorte de ter um amigo assim! Vou sentir saudades das longas conversas no telefone, das promessas de participar do trekking, do nosso fanatismo pelo Galo e do tanto que a gente ria da Naiara. Mas, como disse pra ele hoje, na porta do portão de embarque, estamos na fase de voar e testar todos os nossos limites. A hora é agora! Desejo a ele toda a felicidade do mundo por lá. Que ele realize os seus sonhos, viva tudo que tem pra viver e volte ainda melhor do que já é (ou continue por lá, né? A vida é cheia de caminhos tortos). Ele merece! Wir sehen uns bald (segundo o tradutor do Google: até breve!).
BH: o meu sertão
Esse final de semana vim pra BH. O objetivo era ver a família, despedir de um amigo que vai passar um tempão na Alemanha, comprar umas coisinhas pro carnaval e recarregar as pilhas. A primeira sensação foi de ansiedade! Passei a sexta pensando na hora de embarcar no ônibus da Sandra, às 19h. Durante a viagem, impaciência. Realmente a estrada que liga São João a BR 040 parece não ter fim! Mil curvas, mil paradas, mil carros. Entre uma cochilada, um pensamento solto, um bocejo e umas olhadas pro céu (estava lindo, todo estrelado!), o tempo passou e cheguei a BH. Achei o BH Shopping a coisa mais linda do mundo! Ver aquelas luzinhas foi um alívio: enfim, em casa! Passar pela Nossa Senhora do Carmo, avistar o Pátio Savassi, ver a Eazy Ice, a Devassa: senti uma brisa de verão, uma energia que pulsava, vieram boas lembranças, saudades. Entrei na área hospitalar, vi o João XXIII, o Ipsemg, a Andradas: bateu uma nostalgia, e um sentimento de esperança. Serraria Souza Pinto, as costas do Parque Municipal e a Praça da Estação: lembranças com carinho do dia 16 de janeiro (Formatura!). E, enfim, rodoviária. O burburinho, a pressa, as carinhas de cansado, os sorrisos, o mau humor dos taxistas: eita como eu sinto falta dessa cidade!!
Belo Horizonte já foi de cidade onde só se trabalha e estuda, a cidade querida onde a vida acontece, mas nunca senti que aqui fosse um lar. Mas, agora morando longe, vejo que o meu sertão é aqui (parafraseando Guimarães Rosa, o sertão é onde o coração está). Realmente me sinto em casa no meio desse tanto de prédios, pessoas com pressa, carros, poluição, barulho, agitação. Morro de saudades da Serra do Curral, da Praça da Liberdade, da Lagoa da Pampulha. Mas, a falta mesmo é dos meus amigos, das histórias que vivi por aqui, da minha família, dos lugares onde convivi, do tempo da faculdade, dos sentimentos que senti, da vida que ficou pra trás.
São João Del Rei ainda é uma incógnita. Ainda não vivi realmente a rotina, ainda não morei completamente sozinha, ainda não descobri a cidade e suas pessoas. Por enquanto é o lugar que eu trabalho, estudo, descanso. Ainda é o lugar perto de Dores, onde a tia Neide e o Geraldo moram. Ainda carrega lembranças que tenho medo de encontrar pela rua. Mas, creio que daqui a pouco vou chamar lá de lar. Fase de adaptação, não é? 2011 promete!
Foto do alto da Serra do Cipó, em 2009
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Vida nova, novas lições
Eu não tinha noção de como as coisas simples, que a gente tem (ou tinha) todos os dias, é que trazem felicidade. Depois de um plantão infernal num sábado durante o dia, pegar o carro (do meu pai ainda) e ir ver a minha mãe e a minha família em Dores, foi a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos 15 dias. Primeiro que eu venci uma barreira: peguei estrada, à noite, cansada depois do plantão, e cheguei direitinho (tá, é uma irresponsabilidade, mas, tem certas coisas que eu tenho que fazer, pra testar os meus limites). Depois, cheguei e ao ver a minha mãe, senti o maior alívio do mundo. Eu tava em casa, longe de toda a aflição do dia, finalmente um pouco de conforto e de alegria! Conversei, ri, desabafei, chorei! Tentei comer um hambúrguer, mas depois de passar o dia com quatro biscoitos, o estômago não tava muito legal. Tomei um banho, coloquei o meu pijama e sentei no sofá da casa da minha avó. Pensei: aqui não tem sirene, não tem tensão, não tem solidão. Em seguida chegou a Tata, minha amiga, prima, confidente, irmã! Amizade, carinho, consideração. Tudo ficou mais leve e tudo que aconteceu, toda a preocupação e medo, foram passando devagar.
Coloquei o vestido que eu mais gosto, um sapato de salto, arrumei o cabelo, maquiagem, passei o meu hidratante da Vitoria Secrets (agora eu tenho um! Me sinto uma diva quando passo ele!rs) e fui pra festa no clube do 50. Já fui em milhares de festas lá, mas essa foi diferente. Lugar e pessoas conhecidas, colocar a conversa em dia, rir, beber coca cola, dançar, fazer charminho, paquerar, distrair. Sair da bolha de preocupações que se tornou a minha vida de primeiro emprego e divertir. Pra quem foi de carro pra ficar uma meia hora, voltar 4 e meia pra casa nem doeu. Até nessa hora eu senti alívio. Meu pai tava esperando na varanda, com medo de eu guardar o carro sozinha. Na verdade, esse medo é de uma recaída, que eu já to careca de saber que não vai acontecer. Eu olhei pra ele e pensei: é... Agora eu não devo mais satisfação. E até achei engraçada a situação. Dormi, como diz a minha mãe, o sono dos justos. E o dia chegou ao fim. Um dia, muitos sentimentos, muitas conclusões.
A possibilidade de morar sozinha e de cuidar da minha vida está me ensinando muito. Estou aprendendo a me virar, a tomar decisões, a ter rotina e disciplina e a valorizar a vida que eu tinha antes, e que eu tanto reclamava. Não é que eu sinto falta. A gente tem que crescer sempre. Mas, tudo parece mais colorido, melhor e mais importante: meus pais, meu irmão, minha família, meus amigos, a vida que eu deixei em stand-by em BH e o planos para o futuro. A vida é agora! E agora, é construir uma história por aqui, nessa cidade histórica linda e cheia de desafios. Trabalhar, estudar, conhecer pessoas, desvendar os mistérios da famosa São João Del Rei e quem sabe até um amor novo (sim, agora eu já quero).
PS: olha como as coisas estão melhorando... Aqui em casa agora tem Globo!
sábado, 12 de fevereiro de 2011
O morar sozinha
É a primeira vez que eu moro sozinha. Não sozinha por completo, porque divido o apê com a Flávia. Mas, é sozinha longe dos meus pais, dos meus amigos, da minha rotina, da vida que construiu em Belo Horizonte. E essa situação me faz passar por uma gama enorme de sentimentos num período de 24 horas. Eu olho pela janela, olho em volta, vejo os meus móveis, os meus livros, a minha maletinha de bolinhas de médica e sinto uma felicidade imensa! Penso: esperei isso por 6 anos... Depois volto a olhar ao redor, ligo a TV e não pega Globo, não escuto conversa em casa, não tem aquela mensagem bonitinha que chega no meio do dia e penso: é, dessa vez a solidão é palpável... Olho para as minha apostilas, pra malinha de bolinhas, pro celular, pro jaleco no cabideiro, sinto medo, e penso: agora é comigo, o carimbo rosa tem o meu nome. Chego em casa a 1:30 da manhã, não tem ninguém me esperando, não tenho que dar satisfação, não tenho que contar onde tava/com quem tava/o que fiz, e sinto um alívio enorme. Fora, todas as sensações circadianas diárias: de manhã (5 horas, todos os dias) sono; 13 horas: sensação de dever cumprido; 14 horas, mais sono; 15 horas, culpa (mil apostilas do medcurso); a tardinha e a noite: uma certa tristeza, uma certa nostalgia e a falta de alguém pra dividir tudo isso... (agravado pelo pedaço burro do cérebro, o tal do sistema límbico, que insiste em lembrar do passado e faz o peito doer)
Sabe, tenho quase tudo que sempre sonhei, mas, cheguei a uma conclusão: o ser humano nunca está satisfeito... Sempre falta algo... Acho que sempre faltará mesmo, e é isso que impulsiona a vida pra frente e a realização de sonhos e objetivos. E é através de sonhos que o mundo avança, é a insatisfação que trás novas idéias, inovações, feitos, história.
Estou começando a minha história agora. Não está sendo fácil. É medo, é tristeza, é choro, é angústia, é culpa. Mas, também é felicidade, realização, liberdade. E, um pouco de humor também. Aqui em casa não pega Globo, o que me força a assistir Ana Raia e Zé Trovão num sábado à noite. Aqui em casa não tem fogão, o que me força a comer um miojo que mais parece dieta pastosa e pra hipertenso (leia-se: uma gororoba danada). A chave do portão não abre por fora, logo tenho que fazer contorcionismo todos os dias pra entrar em casa. Eu durmo 10 horas da noite, porque acordo 5 horas da manhã todos os dias (ô sono que dói!). Se eu abrir a janela, os pernilongos da prainha (sim, aqui tem uma prainha! Deve ser um dedinho do rio das mortes!rs) carregam a gente pra fora de casa ou a gente entra em choque hipovêmico (leia-se: ficar sem sangue). A TV além de não ter Globo, também não tem controle.
Então, é um misto de sensações, de pensamentos, é uma confusão, é algo trágico-cômico! Pelo menos agora eu tenho cama de casal pra esticar, ventilador só pra mim, posso tomar o tanto de sorvete que eu quiser sem ter ninguém pra me julgar e vou comprar um relógio bonito que não me dá alergia!
Termino o post com uma música que anda não saindo da minha cabeça, do Bom Jovi: “It’s my life”. O futuro é agora! E com uma frase do Nando Reis que vi outro dia no facebook: “É só você lavar o rosto e deixar que a água suja leve longe do seu corpo um passado infeliz”.
Boa noite a todos, vou dormir... Já suguei todas as oportunidades desse apartamento, da internet e do sistema brasileiro de televisão (vulgo SBT).