É a primeira vez que eu moro sozinha. Não sozinha por completo, porque divido o apê com a Flávia. Mas, é sozinha longe dos meus pais, dos meus amigos, da minha rotina, da vida que construiu em Belo Horizonte. E essa situação me faz passar por uma gama enorme de sentimentos num período de 24 horas. Eu olho pela janela, olho em volta, vejo os meus móveis, os meus livros, a minha maletinha de bolinhas de médica e sinto uma felicidade imensa! Penso: esperei isso por 6 anos... Depois volto a olhar ao redor, ligo a TV e não pega Globo, não escuto conversa em casa, não tem aquela mensagem bonitinha que chega no meio do dia e penso: é, dessa vez a solidão é palpável... Olho para as minha apostilas, pra malinha de bolinhas, pro celular, pro jaleco no cabideiro, sinto medo, e penso: agora é comigo, o carimbo rosa tem o meu nome. Chego em casa a 1:30 da manhã, não tem ninguém me esperando, não tenho que dar satisfação, não tenho que contar onde tava/com quem tava/o que fiz, e sinto um alívio enorme. Fora, todas as sensações circadianas diárias: de manhã (5 horas, todos os dias) sono; 13 horas: sensação de dever cumprido; 14 horas, mais sono; 15 horas, culpa (mil apostilas do medcurso); a tardinha e a noite: uma certa tristeza, uma certa nostalgia e a falta de alguém pra dividir tudo isso... (agravado pelo pedaço burro do cérebro, o tal do sistema límbico, que insiste em lembrar do passado e faz o peito doer)
Sabe, tenho quase tudo que sempre sonhei, mas, cheguei a uma conclusão: o ser humano nunca está satisfeito... Sempre falta algo... Acho que sempre faltará mesmo, e é isso que impulsiona a vida pra frente e a realização de sonhos e objetivos. E é através de sonhos que o mundo avança, é a insatisfação que trás novas idéias, inovações, feitos, história.
Estou começando a minha história agora. Não está sendo fácil. É medo, é tristeza, é choro, é angústia, é culpa. Mas, também é felicidade, realização, liberdade. E, um pouco de humor também. Aqui em casa não pega Globo, o que me força a assistir Ana Raia e Zé Trovão num sábado à noite. Aqui em casa não tem fogão, o que me força a comer um miojo que mais parece dieta pastosa e pra hipertenso (leia-se: uma gororoba danada). A chave do portão não abre por fora, logo tenho que fazer contorcionismo todos os dias pra entrar em casa. Eu durmo 10 horas da noite, porque acordo 5 horas da manhã todos os dias (ô sono que dói!). Se eu abrir a janela, os pernilongos da prainha (sim, aqui tem uma prainha! Deve ser um dedinho do rio das mortes!rs) carregam a gente pra fora de casa ou a gente entra em choque hipovêmico (leia-se: ficar sem sangue). A TV além de não ter Globo, também não tem controle.
Então, é um misto de sensações, de pensamentos, é uma confusão, é algo trágico-cômico! Pelo menos agora eu tenho cama de casal pra esticar, ventilador só pra mim, posso tomar o tanto de sorvete que eu quiser sem ter ninguém pra me julgar e vou comprar um relógio bonito que não me dá alergia!
Termino o post com uma música que anda não saindo da minha cabeça, do Bom Jovi: “It’s my life”. O futuro é agora! E com uma frase do Nando Reis que vi outro dia no facebook: “É só você lavar o rosto e deixar que a água suja leve longe do seu corpo um passado infeliz”.
Boa noite a todos, vou dormir... Já suguei todas as oportunidades desse apartamento, da internet e do sistema brasileiro de televisão (vulgo SBT).
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