quinta-feira, 26 de maio de 2011

Agradecimento e reconhecimento

O objetivo desse blog é relatar as aventuras do primeiro ano como médica. As alegrias, as tristezas, a saúde e a doença! Hoje, foi um daqueles dias reconfortantes. Fui chamada para uma visita domiciliar na casa de uma idosa, que não se locomove bem. Chegando lá, ela só queria remédios para pegar de graça pelo SUS e, dentro de todas suas limitações, estava bem. Era uma senhora de 78 anos de idade, com uma grave osteoporose na coluna, andando com dificuldade e já um pouco confusa. O que mais me comoveu foi seu marido e o carinho com que ele a tratava e falava dela. Segurou as mãos dela durante todo o exame físico e contou das dificuldades de sua esposa quando ela era criança. Nesse momento, seus olhos se encheram de lágrimas. Na despedida, depois da consulta, nos convidou para tomar um café e perguntou quanto era. De tão humilde, não sabia que aquela visita era uma obrigação minha como médica de PSF (programa saúde da família). Eu disse que o pagamento era ele rezar por mim e pela minha família. Ele disse que sim e que também iria rezar pela minha carreira. E, mais uma vez, seus olhinhos brilhavam com as lágrimas. Isso é o que eu chamo de reconhecimento e de um agradecimento mais que sincero. São nessas horas que eu sinto o quanto o médico é importante para uma comunidade, para as pessoas. Nesses momentos é que todo o cansaço, irritação e medo vão embora...

OBS: Em breve, post sobre o show do Paul McCartney. Só uma palavra, pra adiantar: SENSACIONAL!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Presente de aniversário

Sabe quando uma música expressa tudo aquilo que se está sentindo, mas não consegue colocar pra fora?
Não é bem uma música, mas um dos poemas mais bonitos e tocantes que já ouvi... Escutei hoje, pela primeira vez, esperando minha madrinha sair da manicure. Até o cenário era inspirador: em frente a igreja de São Gonçalo, ao lado do monumento aos soldados mortos na Segunda Guerra mundial, com a capela da Santa Casa ao fundo, durante um entardecer calmo, frio... Foi um recado e tanto que me deram... Mais pra um acalento... Que esse aniversário inaugure um novo ciclo, sem sombras do passado.

Letra e vídeo, pra vocês conhecerem:

METADE - Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.



terça-feira, 10 de maio de 2011

Semana nostálgica

Essa música traduz muitos dos sentimentos e transformações pelas quais passei durante todo o ano passado e princípio desse... Acho que a principal conquista foi: "all the love I have is in my mind".
Presente de aniversário (se já não for pedir demais): um pouco mais de magia, um pouco mais de calor na vida...

Letra e vídeo:

Lucky Man - The Verve

Happiness
More or less
It's just a change in me
Something in my liberty
Oh my, my
Happiness
Coming and going
I watch you look at me
Watch my fever growing
I know just where I am

But how many corners do I have to turn?
How many times do I have to learn?
All the love I have is in my mind?

Well, I'm a lucky man
With fire in my hands

Happiness
Something in my own place
I'm standing naked
Smiling, I feel no disgrace
With who I am
Happiness
Coming and going
I watch you look at me
Watch my fever growing
I know just where I am

But how many corners do I have to turn?
How many times do I have to learn?
All the love I have is in my mind?

I hope you understand
I hope you understand

Gotta love that'll never die

Happiness
More or less
It's just a change in me
Something in my liberty
Happiness
Coming and going
I watch you look at me
Watch my fever growing
I know
Oh my, my
Oh my, my
Oh my, my
Oh my, my

Gotta love that'll never die
Gotta love that'll never die
No, no
I'm a lucky man

It's just a change in me
Something in my liberty
It's just a change in me
Something in my liberty
It's just a change in me
Something in my liberty
Oh my, my
Oh my, my
It's just a change in me
Something in my liberty
Oh my, my
Oh my, my


Frase do dia

"Felicidade se acha é em horinhas de descuido"

Guimarães Rosa

sexta-feira, 6 de maio de 2011

13 de maio

Daqui uma semana faço 26 anos. Lembro-me de quando uma prima chegou a essa idade e eu pensei: nossa, ela está velha. Agora, a velha sou eu. Mas, o que é envelhecer? Algumas dores articulares, perda de massa muscular, enfraquecimentos dos ossos, diminuição da elasticidade da pele (os famosos pés de galinha), diminuição da acuidade visual e auditiva... Todas essas queixas escuto diariamente no meu consultório. Mas, a frase que mais me marcou esses dias, principalmente pelo meu aniversário estar chegando, foi dita por uma hipertensa de 51 anos: eu amo viver!
Por que envelhercer é algo tão triste, cheio de amargura e tristeza? O idoso é visto como o encosto, o que dá trabalho, o inútil, o incapaz. Nos esquecemos que aquele vózinho de 80 anos passou por inúmeras situações ao longo de sua vida, tem várias experiências pra compartilhar, histórias pra contar e incontáveis conhecimentos para passar aos mais novos. No oriente, o idoso, o ancião, é tratado com respeito, é o senhor da sabedoria, é o membro mais importante da comunidade. A nossa sociedade escrava da beleza, da eterna juventude, futilidade, vaidade em excesso, julga que uma senhora de 50 anos, porque já entrou na menopausa e tem algumas rugas no rosto é menos importante do que uma jovem de 20 anos, que ainda não viveu tempo suficiente para contribuir realmente para o meio que vive.
Escrevo essas coisas porque eu mesma estou cheia de preconceitos. Penso: tenho 26 anos, não tenho namorado, meu joelho dói, não consigo sair para a balada e trabalhar no outro dia, tenho sono às 10 horas da noite, tenho vontade de dormir sexta a noite ao invés de paquerar no bar. Não, eu não sou velha, nem se tivesse 50 anos! Ainda mais aos 26 anos. Estou no auge da minha vida, iniciando uma carreira, começando a ficar independente, a realizar os meus sonhos, a ser dona da minha vida, das minhas vontades e dos meus sentimentos, a contribuir de verdade para a sociedade onde vivo. E daí se eu quero ficar em casa em uma sexta a noite, porque dei plantão durante a semana e ainda não descansei? Ainda tem o sábado e o domingo pra curtir, conhecer gente nova, esfriar a cabeça, beijar o futuro marido. E daí que não tenho um namorado de mil anos, planos de casamento, de filhos. Nem sei se quero ter filhos. E casar? Só se valer muito a pena mesmo (tenho exemplos do sucesso e do insucesso de relacionamentos de muitos anos). Aos 20 construí o caminho para a profissão que tenho hoje, aos 30 rumo ao sucesso profissional, aos 40 colher os frutos de todo o esforço, aos 50 curtir as conquistas, aos 60, 70, 80, as vezes ver os netos crescerem, passar a vida ao lado de alguém, ser o especialista referência na área e ter um nome consolidado no mercado de trabalho, investir em alguma obra social. O que a vida reserva? Não sei. Eu já fiz tantos planejamentos e de repente a vida mudou radicalmente e eu tive que reconstruir sentimentos, vontades, sonhos, planos... Então, vamos só viver a vida, com responsabilidade, é claro.
Reforço esses sentimentos todos os dias para mim mesma. Esse amor pela vida, que aquela senhora me relatou durante a consulta, confesso, ainda não descobri. O que é muito triste. Mas, acho que estou a caminho. Lembram-se de quando escrevi por aqui que ainda ia ser feliz com a vida que levo hoje? Pois é... O processo já se iniciou, já estou mais tranquila e satisfeita com os rumos da vida. E quem me proporcionou isso: o tão temido tempo.
Parabéns pra mim, pelos meus primeiros 26 anos de vida! Que venham mais, com saúde, felicidade e, principalmente, paz!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A vida é muito frágil...

Há alguns dias postei aqui sobre o início (ou a volta) do meu sentimento de orgulho por ser médica. Pois é... Hoje eu perdi o meu primeiro paciente. Ela não morreu em minhas mãos, mas há dias eu vinha acompanhando ela no posto, após um diagnóstico de pneumonia. Ontem eu ainda a vi, com a carinha boa e estava melhorando. Mas, ontem mesmo, à noite, ela passou mal e faleceu a caminho do hospital. Provavelmente por problemas cardíacos. Ela iria hoje ao consultório para mostrar os exames que tinha feito, pra controlar a sua condição. Eu já havia prescrito medicações pra uma provável insuficiência cardíaca. Mas, não deu tempo... O sentimento é de fracasso... Eu chorei, entre um atendimento e outro e estou chateada. Conheci hoje os limites da medicina. Não foi e não está sendo fácil. Ser médico não é nem um pouco fácil... Não há glamour nessa profissão. É lidar com a dor e com a doença todos os dias. É lidar com a fragilidade humana a cada minuto do dia. Mas, morrer faz parte da vida, faz parte da nossa passagem pela terra. Salvar vidas e também presenciar o fim faz parte do nosso dia a dia. Vá com Deus dona Maria...

quarta-feira, 30 de março de 2011

Pontapé inicial

Hoje foi um dia em que senti orgulho de ser médica! É uma coisa simples, mas que para mim, foi uma injeção de ânimo! Atendi ontem uma criança com gripe há 6 dias. Ela estava prostada ("moadinha") no colo da mãe, irritada, não reagia a estímulos, com febre e com uma carinha péssima. Tratei e hoje ela chegou pulando lá no posto! Fora do colo da mãe, rindo, brincando. Como diz um professor meu, as vezes os pacientes melhoram por causa ou apesar do médico. Mas, sendo de quem for a responsabilidade pela melhora (minha, dele, ou dos dois), fiquei muito feliz com a cena de hoje!
Seria esse o começo do processo? Espero que sim...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Propaganda nova da Coca Cola

Curti demais o foco dessa propaganda!! Ao invés de vários adolescentes magros, felizes e ricos em uma praia deserta, curtindo um show de reggae e tomando uma coca cola, eles abordaram um tema da realidade: pessimismo em relação ao mundo. Alguns podem criticar, dizendo que uma arma faz mais estrago do que mil ursos de pelúcia. Pelo menos, a proporção de ursinhos ainda é maior. Penso que o que falta no mundo é nós acreditarmos que as coisas podem melhorar, que o ser humano pode evoluir. Está faltando o ser humano apaixonar-se pela sua espécie e pelo mundo que vive. Um pouco mais de otimismo e de amor na rotina! Um pouco mais de sorrisos, apesar de todas as diversidades!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Música do dia

Depois de uma manhã de muito trabalho e muito cansaço, essa música me veio à cabeça...

Infinita Highway - Engenheiros do Hawaii

Você me faz correr demais os riscos desta highway
Você me faz correr atrás do horizonte desta highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto, deserta highway
Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar
Mas não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir
Não queremos ter o que não temos, nós só queremos viver
Sem motivos nem objetivos nós estamos vivos e é tudo
É, sobretudo, a lei dessa infinita highway.
Infinita highway.
Escute garota, o vento canta uma canção
Dessas que uma banda nunca toca sem razão
Então me digam garotas? será a estrada uma prisão?
Eu acho que sim, você finge que não
Mas nem por isto ficaremos parados
Com a cabeça nas nuvens e os pés no chão
Então tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre
Se tanta gente vive sem ter como comer
Estamos sós e nenhum de nós sabe onde vai parar
Estamos vivos sem motivos
Que motivos temos para estar atrás de palavras
Escondidas nas entrelinhas do horizonte desta highway?
Silenciosa highway
Infinita Highway
Eu vejo o horizonte trêmulo
Eu tenho os olhos úmidos
Eu posso estar completamente enganado
Eu posso estar correndo pro lado errado
Mas "a dúvida é o preço da pureza" e é inútil ter certeza
Eu vejo as placas dizendo não corra, não morra, não fume
Eu vejo as placas cortando o horizonte
Elas parecem facas de dois gumes
E a minha vida é tão confusa quanto a América central
Por isso não me acuse de ser irracional
Escute, garota, façamos um trato:
Você desliga o telefone se eu ficar um pé no saco
110, 120, 160 Só pra ver até quando o motor agüenta
Na boca em vez de um beijo, um chiclete de menta
E a sombra de um sorriso que eu deixei
Numa das curvas da highway
Silenciosa highway
Infinita highway


Espero sinceramente que eu esteja ajudando alguém no meio dessa highway... E que a medicina volte a ser mais apaixonante e menos cansativa...

sábado, 19 de março de 2011

Chá de panela

Hoje foi o chá de panela do Fernando e da Mari. Foi na casa dos pais da Mari, em BH mesmo. Foi organizado pelas amigas de infância da noiva e contou com a presença de amigos e família do casal. Entre muitos presentes, brincadeiras, prendas, também felicidade, carinho , amor e amizade. Mari e Fernando já estão morando juntos desde janeiro. O casamento, em maio, será para abençoar o casal e oficializar o que já acontece: a Mari casou mesmo.
Eu sempre digo que acho muito esquisito alguém próximo a mim casar. Era algo tão distante quando eu ainda era criança e brincava de casar a minha Barbie com o Ken. Era coisa das tias, das quais eu fui daminha. Era algo só pra ver a noiva entrar na igreja. Era coisa de adulto. Sim... Cheguei oficialmente a idade adulta. Ao invés de ir a festas de 15 anos e formaturas, vou a casamentos e chás de panela. Agora trabalho de segunda a sexta e não posso faltar se o dia estiver frio ou se estiver com aquela preguiça que dói. Tem conta no começo, meio e fim do mês. Tem que planejar a vida, tem que pensar realmente no futuro. Passei da idade de sonhar com banda de rock, de namorar o cara descolado, de passar os dias jogando vôlei, de ter férias em julho e em dezembro/janeiro, de gastar o dinheiro dos pais e de morar debaixo das asas deles. Um novo tempo se insinuou a partir do momento em que fiz o juramento de Hipócrates. E confesso que ainda estou assustada e me adaptando a todas as mudanças, à curva acentuada para a esquerda que a minha vida fez.
Mais do que nunca, me assusto com casamentos. E com bebês então? Mari já planeja aumentar a família ano que vem. Perguntei a ela se ela não tem medo. A resposta foi: quando a pessoa certa chegar, você não terá medo. Será? O casamento pra mim ainda é sinônimo de fim de várias possibilidades, de prisão, de vida monótona, de marido chato, de cobranças. Eu já sonhei com o véu e grinalda, com a Ave-Maria de Gounod na porta da igreja, com lua de mel em Fernando de Noronha, com resultado positivo de betaHCG quantitativo. Hoje, confesso que morro de medo de chegar aos 30 e casar com o cara errado.
Mas, o que mais me assusta mesmo são as mudanças rápidas da vida. De repente todo mundo forma,tem número de CRM, casa, tem filhos, família, nome no mercado, viaja de férias pra Europa, paga colégio e o inglês do menino, faz previdência privada. Tem horas que tenho vontade de pedir para o mundo parar que eu quero descer. A vida fluía com mais calma antes...
Mas, parando de reclamar (que já tá ficando chato), insisto em pensar que é só uma fase, que vai passar e que eu ainda vou ficar muito feliz com a vida nova. E continuo desejando toda a felicidade do mundo para Mari e Fernando, que tiveram a coragem de se entregarem a um novo amor, de se apaixonarem de novo, de em menos de um ano chegarem a conclusão de que o destino era ficar juntos, que resolveram encarar um casamento e ter filhos, de acreditar na única instituição que pode melhorar a sociedade, na minha opinião (apesar de todo o meu medo de casamento e filhos): a família. Parabéns ao casal, que agora está em contagem regressiva: 28 de maio! Fico muito feliz de ver os olhos da Mari brilhando quando ela fala da vida de casada e de como ela está feliz e em paz com tudo isso. Isso me enche o coração de alegria e de calor!

Dedico um poeminha do Drummond e homenagem ao casal:

DESEJOS

Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

A letra não tem nada a ver com o momento (não tem ninguém machucado e não há mentiras!rs), mas, essa música do Moby (principalmente a parte do "this is goodbye" não me saiu da cabeça enquanto a gente estava no aeroporto despachando o Fábio. Ela me traduz um sentimento de esperança, de recomeço, de brisa fresca.




Tchau Fábio!

Hoje foi dia de despedida do Fábio. Ele foi embora pra Alemanha, e vai ficar não sei quanto tempo em terrenos europeus. Vai trabalhar na Siemens e realizar o sonho dele, que era de morar por lá. Morro de orgulho! E não é só porque ele é um brasileiro levando o nome do país dele pra fora (mostrando que não somos um bando de macacos e bundas), sendo reconhecido por uma empresa de nível internacional, se destacando em uma multidão de engenheiros eletricistas. Admiro a coragem. Ir embora, sem saber quando vai voltar, pra um lugar a 17 horas de avião do Brasil, deixando pra trás a família, os amigos, uma vida, um amor. Eu já achei difícil morar em São João Del Rei, imagina o Fábio, na Alemanha. Mas, ele é uma pessoa especial. É uma dessas pessoas inteligentes, humildes, perspicazes, de coração bom, sempre com um sorriso no rosto e uma palavra de esperança, de ânimo, de alegria. Tenho sorte de ter um amigo assim! Vou sentir saudades das longas conversas no telefone, das promessas de participar do trekking, do nosso fanatismo pelo Galo e do tanto que a gente ria da Naiara. Mas, como disse pra ele hoje, na porta do portão de embarque, estamos na fase de voar e testar todos os nossos limites. A hora é agora! Desejo a ele toda a felicidade do mundo por lá. Que ele realize os seus sonhos, viva tudo que tem pra viver e volte ainda melhor do que já é (ou continue por lá, né? A vida é cheia de caminhos tortos). Ele merece! Wir sehen uns bald (segundo o tradutor do Google: até breve!).


BH: o meu sertão

Esse final de semana vim pra BH. O objetivo era ver a família, despedir de um amigo que vai passar um tempão na Alemanha, comprar umas coisinhas pro carnaval e recarregar as pilhas. A primeira sensação foi de ansiedade! Passei a sexta pensando na hora de embarcar no ônibus da Sandra, às 19h. Durante a viagem, impaciência. Realmente a estrada que liga São João a BR 040 parece não ter fim! Mil curvas, mil paradas, mil carros. Entre uma cochilada, um pensamento solto, um bocejo e umas olhadas pro céu (estava lindo, todo estrelado!), o tempo passou e cheguei a BH. Achei o BH Shopping a coisa mais linda do mundo! Ver aquelas luzinhas foi um alívio: enfim, em casa! Passar pela Nossa Senhora do Carmo, avistar o Pátio Savassi, ver a Eazy Ice, a Devassa: senti uma brisa de verão, uma energia que pulsava, vieram boas lembranças, saudades. Entrei na área hospitalar, vi o João XXIII, o Ipsemg, a Andradas: bateu uma nostalgia, e um sentimento de esperança. Serraria Souza Pinto, as costas do Parque Municipal e a Praça da Estação: lembranças com carinho do dia 16 de janeiro (Formatura!). E, enfim, rodoviária. O burburinho, a pressa, as carinhas de cansado, os sorrisos, o mau humor dos taxistas: eita como eu sinto falta dessa cidade!!

Belo Horizonte já foi de cidade onde só se trabalha e estuda, a cidade querida onde a vida acontece, mas nunca senti que aqui fosse um lar. Mas, agora morando longe, vejo que o meu sertão é aqui (parafraseando Guimarães Rosa, o sertão é onde o coração está). Realmente me sinto em casa no meio desse tanto de prédios, pessoas com pressa, carros, poluição, barulho, agitação. Morro de saudades da Serra do Curral, da Praça da Liberdade, da Lagoa da Pampulha. Mas, a falta mesmo é dos meus amigos, das histórias que vivi por aqui, da minha família, dos lugares onde convivi, do tempo da faculdade, dos sentimentos que senti, da vida que ficou pra trás.

São João Del Rei ainda é uma incógnita. Ainda não vivi realmente a rotina, ainda não morei completamente sozinha, ainda não descobri a cidade e suas pessoas. Por enquanto é o lugar que eu trabalho, estudo, descanso. Ainda é o lugar perto de Dores, onde a tia Neide e o Geraldo moram. Ainda carrega lembranças que tenho medo de encontrar pela rua. Mas, creio que daqui a pouco vou chamar lá de lar. Fase de adaptação, não é? 2011 promete!



Foto do alto da Serra do Cipó, em 2009

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Vida nova, novas lições

Eu não tinha noção de como as coisas simples, que a gente tem (ou tinha) todos os dias, é que trazem felicidade. Depois de um plantão infernal num sábado durante o dia, pegar o carro (do meu pai ainda) e ir ver a minha mãe e a minha família em Dores, foi a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos 15 dias. Primeiro que eu venci uma barreira: peguei estrada, à noite, cansada depois do plantão, e cheguei direitinho (tá, é uma irresponsabilidade, mas, tem certas coisas que eu tenho que fazer, pra testar os meus limites). Depois, cheguei e ao ver a minha mãe, senti o maior alívio do mundo. Eu tava em casa, longe de toda a aflição do dia, finalmente um pouco de conforto e de alegria! Conversei, ri, desabafei, chorei! Tentei comer um hambúrguer, mas depois de passar o dia com quatro biscoitos, o estômago não tava muito legal. Tomei um banho, coloquei o meu pijama e sentei no sofá da casa da minha avó. Pensei: aqui não tem sirene, não tem tensão, não tem solidão. Em seguida chegou a Tata, minha amiga, prima, confidente, irmã! Amizade, carinho, consideração. Tudo ficou mais leve e tudo que aconteceu, toda a preocupação e medo, foram passando devagar.

Coloquei o vestido que eu mais gosto, um sapato de salto, arrumei o cabelo, maquiagem, passei o meu hidratante da Vitoria Secrets (agora eu tenho um! Me sinto uma diva quando passo ele!rs) e fui pra festa no clube do 50. Já fui em milhares de festas lá, mas essa foi diferente. Lugar e pessoas conhecidas, colocar a conversa em dia, rir, beber coca cola, dançar, fazer charminho, paquerar, distrair. Sair da bolha de preocupações que se tornou a minha vida de primeiro emprego e divertir. Pra quem foi de carro pra ficar uma meia hora, voltar 4 e meia pra casa nem doeu. Até nessa hora eu senti alívio. Meu pai tava esperando na varanda, com medo de eu guardar o carro sozinha. Na verdade, esse medo é de uma recaída, que eu já to careca de saber que não vai acontecer. Eu olhei pra ele e pensei: é... Agora eu não devo mais satisfação. E até achei engraçada a situação. Dormi, como diz a minha mãe, o sono dos justos. E o dia chegou ao fim. Um dia, muitos sentimentos, muitas conclusões.

A possibilidade de morar sozinha e de cuidar da minha vida está me ensinando muito. Estou aprendendo a me virar, a tomar decisões, a ter rotina e disciplina e a valorizar a vida que eu tinha antes, e que eu tanto reclamava. Não é que eu sinto falta. A gente tem que crescer sempre. Mas, tudo parece mais colorido, melhor e mais importante: meus pais, meu irmão, minha família, meus amigos, a vida que eu deixei em stand-by em BH e o planos para o futuro. A vida é agora! E agora, é construir uma história por aqui, nessa cidade histórica linda e cheia de desafios. Trabalhar, estudar, conhecer pessoas, desvendar os mistérios da famosa São João Del Rei e quem sabe até um amor novo (sim, agora eu já quero).

PS: olha como as coisas estão melhorando... Aqui em casa agora tem Globo!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O morar sozinha

É a primeira vez que eu moro sozinha. Não sozinha por completo, porque divido o apê com a Flávia. Mas, é sozinha longe dos meus pais, dos meus amigos, da minha rotina, da vida que construiu em Belo Horizonte. E essa situação me faz passar por uma gama enorme de sentimentos num período de 24 horas. Eu olho pela janela, olho em volta, vejo os meus móveis, os meus livros, a minha maletinha de bolinhas de médica e sinto uma felicidade imensa! Penso: esperei isso por 6 anos... Depois volto a olhar ao redor, ligo a TV e não pega Globo, não escuto conversa em casa, não tem aquela mensagem bonitinha que chega no meio do dia e penso: é, dessa vez a solidão é palpável... Olho para as minha apostilas, pra malinha de bolinhas, pro celular, pro jaleco no cabideiro, sinto medo, e penso: agora é comigo, o carimbo rosa tem o meu nome. Chego em casa a 1:30 da manhã, não tem ninguém me esperando, não tenho que dar satisfação, não tenho que contar onde tava/com quem tava/o que fiz, e sinto um alívio enorme. Fora, todas as sensações circadianas diárias: de manhã (5 horas, todos os dias) sono; 13 horas: sensação de dever cumprido; 14 horas, mais sono; 15 horas, culpa (mil apostilas do medcurso); a tardinha e a noite: uma certa tristeza, uma certa nostalgia e a falta de alguém pra dividir tudo isso... (agravado pelo pedaço burro do cérebro, o tal do sistema límbico, que insiste em lembrar do passado e faz o peito doer)

Sabe, tenho quase tudo que sempre sonhei, mas, cheguei a uma conclusão: o ser humano nunca está satisfeito... Sempre falta algo... Acho que sempre faltará mesmo, e é isso que impulsiona a vida pra frente e a realização de sonhos e objetivos. E é através de sonhos que o mundo avança, é a insatisfação que trás novas idéias, inovações, feitos, história.

Estou começando a minha história agora. Não está sendo fácil. É medo, é tristeza, é choro, é angústia, é culpa. Mas, também é felicidade, realização, liberdade. E, um pouco de humor também. Aqui em casa não pega Globo, o que me força a assistir Ana Raia e Zé Trovão num sábado à noite. Aqui em casa não tem fogão, o que me força a comer um miojo que mais parece dieta pastosa e pra hipertenso (leia-se: uma gororoba danada). A chave do portão não abre por fora, logo tenho que fazer contorcionismo todos os dias pra entrar em casa. Eu durmo 10 horas da noite, porque acordo 5 horas da manhã todos os dias (ô sono que dói!). Se eu abrir a janela, os pernilongos da prainha (sim, aqui tem uma prainha! Deve ser um dedinho do rio das mortes!rs) carregam a gente pra fora de casa ou a gente entra em choque hipovêmico (leia-se: ficar sem sangue). A TV além de não ter Globo, também não tem controle.

Então, é um misto de sensações, de pensamentos, é uma confusão, é algo trágico-cômico! Pelo menos agora eu tenho cama de casal pra esticar, ventilador só pra mim, posso tomar o tanto de sorvete que eu quiser sem ter ninguém pra me julgar e vou comprar um relógio bonito que não me dá alergia!

Termino o post com uma música que anda não saindo da minha cabeça, do Bom Jovi: “It’s my life”. O futuro é agora! E com uma frase do Nando Reis que vi outro dia no facebook: “É só você lavar o rosto e deixar que a água suja leve longe do seu corpo um passado infeliz”.

Boa noite a todos, vou dormir... Já suguei todas as oportunidades desse apartamento, da internet e do sistema brasileiro de televisão (vulgo SBT).

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

EXAUSTA

Expressão pra a atual fase da minha vida: puta que pariu! Nunca estive tão cansada, tão ansiosa, tão estressada, tão confusa e com tanto medo! Nunca tive que resolver tantos problemas, administrar tantas situações, tomar tantas decisões, ponderar tantas coisas. Meu Deus... Tem horas que acho que não vou dar conta. Já perdi a fome, tenho sono 8 horas da noite, não me interesso pelas coisas que eu gosto, não quero se quer paquerar alguém. A minha sensação é que o mundo gira a 320 km/h e que eu corro atrás dele o tempo todo. De acadêmica que assistia sessão da tarde, podia matar aula, podia se ausentar um dia, não era responsável direto pelos atos, tinha alguém pra tirar as dúvidas o tempo todo, a médica, recém-formada, em uma cidade estranha, com pessoas estranhas, tendo que lidar com situações que não tem experiência ou que nunca viu na vida, assumir e organizar um PSF, ouvir mil opiniões e ficar confusa em qual confiar. É alugar apartamento, comprar mobília, negociar com a faxineira, dividir as contas. É estudar os casos do dia, estudar pra residência, ter dúvidas o tempo todo e não saber pra quem perguntar. É negar dar plantões, por falta de competência. É trabalhar o mês inteiro, pra receber só no outro. É adiar o sonho de ter carro, de viajar pra algum lugar legal... E, além de tudo, escutar ofensas e ameaças de um gestor que abusa de seu poder às 23h de um sábado, lidar com pessoas que querem te puxar o tapete e que pensam que podem te explorar porque você tem 2 meses de formado. Resumo: é o caos! Sim, crescer dói! E quando se é perfeccionista, pior ainda. Não tenho escrito no blog, porque o carimbo rosa anda passando aperto, anda carimbando muito, anda cansado. Espero que essa fase passe logo. Senhores colegas que estão na residência: não reclamem das suas cargas horárias. Eu daria tudo pra ter um preceptor do meu lado, todos os dias. Que essa experiência me dê maturidade, pulso e resistência pra o 2012. Até não sei quando. Computador agora só pra olhar email rapidinho...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ah... a formatura!

Depois de ralar 3 anos pra passar em medicina na federal e mais 6 anos de curso, estamos nós, turma 129 (LAMA), formados! 163 médicos, novinhos em folha! E, nada melhor do que 3 dias de festa pra comemorar o fim de mais uma etapa nas nossas vidas.

Começou com o culto ecumênico. Maquiagem com a Carol, Silvio domando o cabelo rebelde dessa que vós fala e vestido que ficou pronto um dia antes. Resultado: ganhei até um elogio no estilo Dior! Chegamos uma hora mais cedo que os convidados e nos reunimos num espaço que mais parecia uma estufa. Cabelo e maquiagem derretendo. Mas, quer saber? Nem liguei! Todos os seus colegas arrumados, bonitos e felizes! Não tem preço! B4, sempre presente, tirando a foto de todos os eventos. Pequenininhas nervosas com seus vestidos e penteados. Sorrisos, sorrisos e mais sorrisos. Mal sabíamos nós que a despedida começava ali. Foi tudo lindo, a parte de entregar a rosa para os pais então? Chorei em bicas! É muito sentimento, foi catarse! Parabéns para lá e para cá, voltamos para casa e comemoramos com lasanha de microondas!

Dia dois: a colação! Dessa vez, cabelo primeiro, maquiagem depois. E lá vamos eu, Mari e Mari para o Expominas. Coquetel dos professores homenageados rolando, homenagem minha e da Aninha para o Clube Atlético Mineiro, um guaraná ali, um salgadinho aqui e chegou a hora: gente, tá na hora que colocar a beca! Coração veio na boca e as lágrimas nos olhos. Chegou a hora, o momento! Beca, capelo e faixa verde! Nossa, sou Médica! A felicidade explodiu no meu peito. No rosto, só um sorriso, do início ao fim da cerimônia. O sentimento foi de vitória, de dever cumprido, de sonho realizado! Que dia especial, que gostinho especial! Faixa, família, amigos, voleishow, diploma na mão, fotos, fotos, sorrisos, gritos, abraços. É uma hora que você vê as pessoas que gostam e te consideram. Colégio santo Agostinho me carregando, vôlei comparecendo, família super feliz. Indescritível! Depois, partimos para o peixinho em casa, com direito a conversa e risadas até 4 horas da manhã.

Capítulo 3: o baile. Lembro de acordar nesse dia com um aperto no coração: hoje é o último dia, passou tão depressa, eu esperei tanto esse momento, sonhei tanto! O sentimento é novamente de não acreditar! É de se sentir abençoada! O dia passou voando e chegou a hora de ir para o salão. Maquiagem de diva, com direito a cílios!!! E o cabelo? Inspiração: mulher do Temer, claro! Coloquei o vestido, as sandálias e as jóias e me olhei no espelho: nossa, acho que nunca estive tão bonita! Daí por diante o tempo passou voando! Chegada ao baile, fotos, parabéns, valsa com o pai, valsa com o irmão (me faltou um namorado nessa ocasião, mas, era com Caetaninho mesmo que eu queria dançar. A gente merecia, depois de tantas coisas que passamos juntos), dançar, beber drinks, dançar, sorrir... E, de repente, as luzes se acenderam: acabou a festa. Juro, parece que ela durou 5 minutos. Nossa... acabou, tudo... Aperto no peito novamente. Mas, coloquei o meu abadá, chinelinho verde e fui correndo para para o pós-baile (literalmente, porque, estava chovendo). Ali, a ficha foi caindo de que tudo tinha acabado mesmo. Nunca mais nossa turma irá se reunir completa novamente, cada um vai seguir seu rumo, tocar a suas carreiras, construir suas famílias, suas vidas. Não tinha como não chorar ao me despedir dos sobreviventes do B4 no pós-baiel: Aninha, Bisi, Gabi e Ligeiro. Foi como se despedir de irmãos, porque, o B4 acabou se tornando uma família. Cheguei em casa, tomei banho e dormi.

Acho que dos 3 dias de festa não poderiam ter sido melhores. É felicidade mesmo, como há muito tempo não sentia. Sonho realizado. Sim, sonhos são possíveis, basta acreditar e lutar por eles. Da faculdade fica a saudade dos lanches no ICB, das aulas com as pequenininhas, das bancadas da morfologia, dos corredores do HC, faculdade de medicina, ambulatório Bias Fortes, ambulatório São Vicente, das conversas mudas na biblioteca, dos apertos das provas, dos treinos de vôlei com 3 pessoas e a resenha que nunca acontecia, dos intermeds, do salão nobre, dos almoços no bandejão, do aperto do 5102, das risadas infinitas dos internatos de trauma e gob... É tanta coisa, que não dá pra lembrar de tudo agora. A única coisa que digo é: foram os 6 anos mais incríveis da minha vida! Quanta saudade, quanta saudade, de tudo!

Agora, é bola pra frente. Carimbo rosa na mão, cara de pau, coragem, muito estudo e vida nova. Nova etapa, novos sonhos, novas surpresas. É a magia da vida acontecendo, todos os dias.

Obrigada meu Deus por ter me permitido viver momentos tão especiais! Sou privilegiada!

Um grande abraço a todos da 129! A turma que me acolheu adolescente e formou uma médica no fim de tudo.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Reveillon em Copa

Eu brinco que há coisas que tenho que fazer antes de morrer. É uma espécie de lista, que, nas horas vagas, eu tento seguir! São desejos antigos, desejos novos, desejos que surgem após uma conversa ou depois de assistir um documentário no Discovery Channel. Um dos itens da lista era passar a virada do ano no réveillon mais famoso do mundo: o de Copacabana! Sim, os fogos, as pessoas, o clima e a sensação de “eu já vi, eu já vivi isso”!

Após pedir pro papai, pegar emprestado um dinheiro com a Oli e passar pela aventura de esperar por mais de 3 horas pelo cortiço na rodoviária do Rio de Janeiro, a viagem finalmente começou. Foram 7 dias de vida típica carioca (acredito eu...rs). Pegar um sol em Ipanema, no posto 9! Ir a Lapa, ouvir um samba de raiz e sentir toda a boemia e a malandragem do lugar. Samba na quadra do salgueiro, sentir a pulsação do carnaval! (outro item da lista já realizado: eu já vi o desfile das escolas de samba do grupo especial do Rio – foi o desfiles das campeãs, mas, valeu!). Andar pela Barra e me sentir em uma novela do Manuel Carlos. Pisar no calçadão e quase ser atropelada por uma bicicleta. Andei de metrô. Debaixo da terra! Engraçado? Pra uma belorizontina que só conhece um trem urbano que liga nada a lugar nenhum, é uma super novidade! Até dia comum vivi no Rio. Sai em busca desesperada por lentes de contato com Tata (já moradora típica do lugar), pra não pagar mico na praia, de óculos de nerd!

Posso dizer que o Rio de Janeiro é um lugar fantástico! Sei que passei um curtíssimo período na cidade, mas, em pouco tempo, percebi como o povo é alegre e leva a vida com mais leveza! Você se senta na praia, e alguém que você nunca viu (pode ser até um estrangeiro) engata um papo animado! É ver um samba rolar dentro do metrô, é ver gente de todas as idades e tipos físicos fazendo exercícios regularmente! Escutar aquele sotaque gostoso, que dá vontade de sorrir. É ver a desigualdade gritante de Ipanema e do Vidigal, logo no alto do morro dois irmãos.

O réveillon, não podia ser mais cortiço. Pegar metrô correndo, faltando 2 minutos pra perder o ticket e passar a virada na praia do Flamengo. Parar pra respirar, com bolsa, canga e flores nas mãos. Viajar apertada e correr por Ipanema, sem saber ao certo como chegar na casa da amiga. Sair correndo do apartamento e pegar um ônibus aos gritos, com o bigodinho cor de rosa e rir de Ipanema a Copacabana, vestidas elegantemente para o réveillon. Fazer amizade com um argentino e sua família e um americano pão duro, dar cambalhotas e estrelas na areia. Ficar calada, por 20 minutos, de boca aberta, durante o espetáculo de fogos. A sensação foi de não acreditar. Não, não estou aqui. Não estou vivendo uma coisa tão especial depois de 2 anos de viradas do ano não muito agradáveis. Sim, eu estava lá, com os pés na areia de Copacabana, pedindo pra Deus um 2011 melhor. Foi diferente porque não teve contagem, não teve expectativa, não teve tristeza por tudo que não deu certo em 2010. O ano novo entrou sem pedir licença, rápido, indolor, sem melindres. Foi estranho, mas foi melhor.

Pezinho no mar, flor pra Iemanjá, preces pelo 2011 e muitas, muitas risadas. Foi assim que o ano começou. E, pelo que tenho visto até agora, começou quente!

Feliz 2011 para todos (com um atraso considerável)!

Sim, um carimbo rosa!

Pra um 2010 sem muitas novidades, o 2011 começou com a corda toda! Primeiro, réveillon em Copacabana com o cortiço. Depois, a saga pelo primeiro emprego. Seguindo, formatura. E agora, mãos à obra! Uma médica, uma bolsa de bolinhas, um jaleco P, coragem, muito estudo e um carimbo delicadamente rosa, pendurado no pescoço, com o número que faz a mágica da vida nova começar! Here I go!